sábado, 10 de outubro de 2015

O hobbit - J. R. R. Tolkien



Expectativa x Realidade


Já faz um mês que terminei de ler esse livro e, desde então, estou pensando em como resenha-lo. De certa forma, é a mesma dificuldade que encontrei quando tive que resenhar As crônicas de Nárnia e, se você prestar atenção naquela resenha, está mais parecida com aquelas sinopses que as editores escrevem tentando vender um livro, do que com uma resenha propriamente dita. Mas eu me esforcei e não estou de todo descontente com o resultado.
Com O hobbit, no entanto, a situação parece só um pouquinho mais difícil.
Em ambos os casos, eu estava plenamente ciente de que se tratavam de livros infantis e que eu não deveria encará-los da mesma maneira que encararia um livro mais sério. Teria que vestir minha capa de infanto-juvenil e ler esses livros como eles mereciam ser lidos. Ao mesmo tempo, em ambos os casos, eu estava com muita expectativa de que os livros seriam incríveis e que eles entrariam fácil no meu hall de favoritos. Não foi o que aconteceu.
Sim, eu gostei dos livros, mas eles estão longe de representar na minha vida o que eu achava que eles representariam. E é uma pena, eu sei, mas isso não dá mais para mudar.

O livro


O hobbit conta a história de Bilbo Bolseiro e de como ele conseguiu o Um Anel. Bom, na verdade, o Um Anel é só mais um elemento do livro, não algo realmente importante. Para quem leu e assistiu aos livros/filmes da trilogia OSDA, às vezes chega a ser brincadeira a maneira como Bilbo usa o Um Anel como muleta durante quase todo o livro. A explicação, obviamente, é que Tolkien escreveu O hobbit muito antes de escrever O Senhor dos Anéis e, naquela época, o Um Anel era apenas um anel.
Enfim, eu divaguei.
Bilbo Bolseiro era apenas mais um hobbit pacífico e tranquilo do Condado. Ele não era muito chegado a aventuras e, como os outros de sua raça, olhava torto para aqueles que gostavam de aventuras, como seus parentes distantes, os Tuks. Um dia, enquanto está fumando seu cachimbo, Bilbo depara-se com uma figura tão diferente, alta e parecida com um humano, que era óbvio que se tratava de um andarilho… na verdade, tratava-se de Gandalf, o cinzento.
Gandalf lhe diz que está a procura de alguém que possa ajudar a ele e a alguns amigos em uma aventura. Bilbo, que sabiamente desconfia de Gandalf e da tal aventura, trata logo de se livrar do visitante e volta para sua confortável toca de hobbit.
Gandalf, malandro que só ele, não aceita a rejeição de Bilbo (porque isso é exatamente o que acontece) e decide fazer uma marca na porta de entrada da toca. Mais tarde naquele dia, Bilbo começa a receber visitas inesperadas. Nada mais, nada menos que treze anões simplesmente aparecem em sua toca: Balin, Bifur, Bofur, Bombur, Dori, Dwalin, Fili, Gloin, Kili, Oin, Ori, Nori e Thorin. É muito anão.
Todos eles são amigáveis, mas nenhum deles tinha sido convidado. Longe de saber o que eles estavam fazendo ali, Bilbo esforçou-se para ser um bom anfitrião. Quando boa parte dos não-convidados já estava presente, eis que chega Gandalf, com a maior cara lavada.
É assim, basicamente, que Bilbo descobre que é a décima quarta parte de um grupo que atravessará toda a Terra Média até a Montanha Solitária. Lá costumava ser o reino dos anões que estão agora em sua toca, mas há muito tempo suas famílias foram expulsas de lá por um perigoso dragão, chamado Smaug. Quando chegarem à Montanha Solitária, caberá ao pequeno hobbit (redundância) ser o “ladrão” dessa expedição suicida.
O líder dessa expedição é Thorin, Escudo de Carvalho, herdeiro do “reino sob a montanha”, que deseja devolver ao seu povo a honra e os tesouros que foram roubados por Smaug.
Durante a jornada, muitas coisas dão errado. Eles têm que fugir de trolls, gigantes, orcs, wargs (lobos da Terra Média), aranhas gigantes, elfos (mais saltitantes aqui que nos três livros de OSDA), Smaug e, por fim, conseguem se meter em uma batalha com nada menos que cinco exércitos! Isso porque Bilbo não gostava de aventuras, imagina se gostasse!
Então sim, o livro é divertido e mágico, como deveria ser.

O filme



Eu li os três livros da trilogia O Senhor dos Anéis em 2009 (literalmente o ano inteiro de 2009). Isso foi depois de ter assistido aos filmes, o que não foi um grande problema para mim. Na tela tinha tudo o que merecia aparecer e foi uma ótima adaptação.
Quando foi anunciado que seriam feitos três filmes para adaptar O hobbit, acompanhei as discussões a respeito de longe. Ao mesmo tempo que entendia que era muito filme para pouco livro, não estava realmente me importando com a questão. Fui assistir ao primeiro filme, Uma aventura inesperada, com um misto de pé no chão e expectativa. Sei que as duas coisas não combinam, mas vou tentar explicar. “Pé no chão” com o fato de que haveria partes inventadas pelos roteiristas e na expectativa de que o filme seria pelo menos bom. Era um filme do Peter Jackson sobre a Terra Média, afinal! Ele tinha acabado de usar três filmes para provar que sabia como fazer...
E eu gostei do filme. Aliás, dos filmes. Nada que entre nos meus favoritos, mas ainda assim, gostei. Claro que tem muita coisa que não está no livro:

1)      O romance entre uma elfa e um anão – sou neutra a respeito disso.
2)      A presença de Legolas. Para mim, faz sentido que ele esteja lá, pois ele faz parte dos Elfos da Floresta.

Há outras coisas que foram tiradas de outro livro de Tolkien sobre a Terra Média, o Silmarillion, mas eu não me importo muito com isso. Algumas das mudanças foram necessárias, como as explicações a respeito do Necromante. Outras foram apenas para justificar a existência de três filmes e não vou tentar convencer ninguém que esse número era necessário.
Porém, não é sobre as diferenças que quero falar. Quero falar das partes dos filmes que estavam no livro.
Os filmes que foram feitos para adaptar O Senhor dos Anéis têm uma pegada séria e adulta, seguindo o padrão dos respectivos livros. Quando foram fazer os filmes do O hobbit queriam aproveitar e contar a origem do Um Anel, como ele foi parar com Bilbo e seu breve encontro com Smeagle. Tratava-se, portanto, de filmes que estariam diretamente ligados com a trilogia anterior filmada por Peter Jackson. Seria estranho se os filmes de O hobbit seguissem o padrão do livro no qual foram baseados, ou seja, se tivessem um tom infantil.
Essa foi a escolha de Peter Jackson. Ou ele faria um filme coerente com os anteriores ou faria um filme coerente com o livro. Ele escolheu os próprios filmes.
O resultado foi que O hobbit recebeu o mesmo tratamento sério dos demais filmes e precisou ser esticado para que as ligações necessárias entre a primeira trilogia e a segunda fizessem mais sentido. Você precisa ter em mente que, quando uma obra - qualquer obra - é adaptada para o cinema, o estúdio não está interessado em agradar apenas quem já conhecia o material original. Eles querem atrair também um público completamente novo. Quantas pessoas vocês acham que assistiu aos três filmes de O Senhor dos Anéis, gostou, mas nunca se interessou em ler os livros?
Não sei se Peter Jackson fez a escolha certa. Da minha parte, como tive dificuldade para vestir minha capa de criança e ler o livro tal qual uma criança provavelmente o leria, acabei gostando mais dos filmes. Não nego as deficiências dele, assim como não nego os méritos do livro.

Favoritos


Personagem: Bilbo é, sem dúvida, meu personagem favorito, assim como os demais hobbits de OSDA. Eu gosto desses baixinhos!
Cena: Minha cena favorita é o encontro de Bilbo e Smeagle, quando eles jogam aquele perigoso jogo de adivinhação.
Filme: Meu filme favorito é o primeiro, especialmente o comecinho, quando Bilbo começa a receber os anões e Gandalf, até a parte que descobre que os anões apostaram sobre ele aceitar ou não a missão.
Ator: Martin Freeman simplesmente porque ele foi perfeito como Bilbo.
Livro ou filme: Filme…



(Soraya foge das pedras).

Um comentário:

  1. Gosto do Bilbo de um jeito que nunca gostarei do Frodo, especialmente depois do Martin Freeman interpretá-lo. Martin Freeman foi Bilbo, Watson e Arthur Dent - ele zerou a vida. Mais britânico, impossível...

    Boa crítica. Gostei do primeiro filme, mas senti falta da pegada infantil dos livros... e gostamos da mesma cena, "Adivinhas no Escuro"... é de arrepiar, tanto no livro quanto no filme!

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