domingo, 6 de junho de 2021

Livros que não são perfeitos... e seus autores.

Olá! Olha quem voltou. Hoje vou falar sobre meus livros que eu gosto, mas que são extremamente problemáticos, seja pela história, seja pelos autores ou ambos.

Por que eu amo esses livros, sabendo que são problemáticos? Porque quando eu li eu não sabia e porque são muito bons em si e não li nada melhor até agora. Mas acho importante discutir os livros e incluir os problemas... faz parte.

Então vamos lá...


1) As brumas de Avalon - Marion Zimmer Bradley

A história é um reconto da lenda do Rei Arthur, mas sob o ponto de vista das mulheres na vida dele, sua mãe, tias, irmã, esposa. Além disso, traz como pano de fundo a maneira como o Cristianismo se espalhou pela Grã-Bretanha e foi tirando o espaço das religiões pagãs que dominavam a região até então. É uma história muito envolvente e as personagens femininas, com toda a sua complexidade e seus ideiais são igualmente cativantes e odiosas. Não é um livro com muita ação, é arrastado e conta a história ao longo de vários anos. Então não é uma história que qualquer um vai gostar.

O problema: um belo dia, enquanto procurava por informações da autora para incluir em uma nova versão da resenha, eu me deparei com notícias não muito animadoras. Acontece que a filha de Marion, acusa a mãe e o pai de pedofilia. Não tem muita informação sobre o caso, então acabei não me aprofundando muito. Mas foi o suficiente para eu querer riscar a autora da minha lista de influência.

Eu ainda gosto muito do livro, mas... eu não recomendo mais.


2) E o vento levou - Margaret Mitchell

Esse livro é um clássico da literatura americana e conta a história da guerra civil americana, sob o ponto de vista das pessoas que viviam no sul escravagista. Inclusive, a autora era uma mulher do sul, apesar de ter vivido numa época muito diferente.

O leitor acompanha as artimanhas e manhas da protagonista, Scarlett O'Hara, enquanto ela tenta roubar o marido da amiga, sobreviver à guerra e reconstruir os bens da família no pós guerra. A protagonista não é uma pessoa boa, não é alguém de quem o leitor vá gostar, nem é uma pessoa admirável. Mulher à frente de seu tempo? Não exatamente. Ela é uma pessoa egoista e mesquinha, e parece nunca aprender a lição, apesar de continuamente afastar todas as pessoas próximas, seguindo apenas os próprios interesses, o tempo todo.

Meu maior problema com a história é quando a autora fala sovre o surgimento da KKK (Klu Klux Klan), grupo extremista branco que perseguia e matava pessoas negras e que até hoje é considerada uma mancha na história americana. A autora conta como eles surgiram e os pinta como heróis patriotas (do sul) que defendiam a honra das mulheres contra os homens negros selvagens e maus por natureza.

Eu entendo que isso é contado sob o ponto de vista de pessoas "daquela época" e "daquela região", mas ao longo de toda a história, pessoas negras são retratadas exatamente assim, como criaturas sem inteligência que, ou não têm gratidão pelos seus senhores (que os civilizavam através do trabalho) ou que têm excesso de gratidão e continuam fieis aos seus senhores, mesmo após a abolição da escravatura. É bem complicado e incômodo.

Mas por que eu gosto? Por que a escrita é boa, porque a autora sabe te manter presa na história. Por que a protagonista é odiosa. Recomendo a leitura, com contextualização.


3) Harry Potter - J. K. Rowling

Ah, então... chegamos em uma das séries mais importantes na minha vida, uma das grandes influências no meu gosto literário. Eu amo muito Harry Potter e não acho que isso vá mudar tão cedo.

A começar pelas polêmicas da autora J. K. Rowling com a comunidade trans. Apesar de se dizer "a favor das pessoas trans", ela mantém um discurso feminista extremista que exclui mulheres trans da pauta de igualdade.

Mas não foi aí que os problemas começaram. Se você reler a série, vai encontrar passagens com bastante gordofobia, vai encontrar descrições problemáticas dos duendes que cuidam do Gringotes, os elfos domésticos que estão satisfeitos com sua situação como "escravos", a Hermione tentando salvar os elfos "contra a vontade deles". O fato do Dumbledore ser gay, da Hermione poder ser negra, mas nada disso ter sido dito com todas as letras na série, apenas depois. E os próprios filmes que trocaram uma atriz negra, por uma branca quando essa personagem se relaciona com o Rony Weasley. Enfim, deu para entender.

Acho que não preciso dizer porque ainda gosto muito dos livros - eles são importantes pra mim. Mas é preciso reconhecer os problemas, gente.

Eu também não preciso dar a sinopse, né? O menino bruxo que vai pra escola de magia e bruxaria e tem que derrotar o bruxo do mau que matou seus pais e tentou matá-lo quando ainda era um bebê.


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Tem outros livros e autores problemáticos, mas vou ficando por aqui. Até a próxima e fiquem bem.

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