sábado, 17 de julho de 2021

Resenha | Fortaleza digital - Dan Brown

Título: Fortaleza Digital | Autor: Dan Brown | Tradução: Carlos Irineu da Costa | Editora: Sextante | Edição: 2008

Sinopse: A NSA (Agência de Segurança Nacional) é uma agência americana que, entre outras coisas, intercepta mensagens criptografadas vindas de todos os lugares, que podem conter informações importantes para o serviço de inteligência e ao combate ao terrorismo. Milhares de mensagens são analizadas pelo super computador TRANSLTR todos os dias, o que já ajudou a impedir vários ataques terroristas. No entanto, para muitos, a existência de um super computador capaz de espionar todos os computadores do mundo representa um limite muito questionável entre a segurança nacional e o direito dos cidadãos à privacidade.

Um desses críticos é Ensei Tankado, um ex agente da NSA que hoje luta para que a existência do TRANSLTR seja conhecida do público em geral. Com esse objetivo, ele cria o FORTALEZA DIGITAL um código que Ensei alega ser "inquebrável". Ao colocar esse código disponível na internet e ameaçar fazer um leilão da chave, Ensei chantagea a NSA: para evitar que o código seja leiloado, a agência deve revelar a existência do TRANSLTR.

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Susan Fletcher é chefe do departamento de Criptografia da NSA e é chamada pelo comandante Trevor Strathmore para ajuda-lo a lidar com a situação. Quando chega, percebe que o TRANSLTR está há horas trabalhando para desencriptar um mesmo código, o que ela nunca imaginou ser possível. Segundo Strathmore, essa é uma prova de que o FORTALEZA DIGITAL realmente é o que promete: um código inquebrável. Susan percebe todas as implicações de ter esse código liberado para uso de grandes coorporações ou terroristas ao redor do mundo e sugere que a NSA aceite as condições de Tankado... só tem um problema: Ensei Tankado morreu na Espanha há algumas horas.

A partir daí começa uma corrida contra o tempo. Enquanto Susan e Strathmore tentam encontrar NORTH DAKOTA, parceiro de Tankado e possuidor de uma das cópias da chave, David Becker - que não tem nada a ver com a NSA, além do fato de ser namorado de Susan - é mandado por Strathmore para a Espanha, para tentar encontrar a chave original. No entanto, quanto mais David corre atrás das pessoas que teriam estado próximas de Ensei no momento de sua morte, mais aleatória parece sua busca.

Portanto, ao longo do livro todo o leitor vai acompanhando trechos desses dois núcleos, enquanto o autor vai parando para explicar o que é a NSA, o que é criptografia, o que é o TRANSLTR... isso quando não para para explicar a relação entre os personagens principais - o que é até relevante; ou a relação de personagens segundários - o que não é nem um pouco relevante.

Fortaleza Digital é o primeiro livro do escritor americano Dan Brown, que se tornou sensação mundial com o livro O código da Vinci. E é um livro chato. Não consegui me importar com os personagens. Até achei que a ação acontecendo na Espanha seria mais interessante que as horas maçantes no Departamento de Criptografia, mas quando estava em um lugar, queria estar em outro. Não raro eu senti vontade de pular partes e ir logo para a resolução do problema: o professor universitário e sua bela companheira inteligente, sabendo mais que todas as outras pessoas presentes.

A questão a respeito da espionagem americana, o direito de acesso a dados para evitar ataques terroristas versus o direito à liberdade individual dos cidadãos foi outra coisa que não me convenceu. Eu não gosto da ideia de vigilância completa, por quaisquer fins e acho que a linha que separa a segurança da invasão de privacidade é muito tênue. E certamente não confio no Governo para traçar essa linha. Então, muitas vezes, eu estava torcendo pelo sucesso do plano do Tankado... As pessoas deveriam pelo menos ter o direito de saber que existe um super computador analisando cada um dos seus dados! Essa questão moral por trás desse tema foi uma das coisas que me manteve distantes dos personagens. Para eles, o importante era manter o trabalho da NSA funcionando a todo custo. Eu não quero essas pessoas perto de mim.

Aqui, um mini spoiler, que se eu fosse spoilerfóbica, eu pularia: me incomoda muito que os "capangas" dos vilões do Brown sejam pessoas com algum tipo de necessidade especial ou sejam diferentes. Em O código Da Vinci, Silas, assassino que trabalha para a Opus Dei (ou quase isso), é um albino. Aqui, o assassino da NSA é surdo. Uma coisa é trazer inclusão, outra coisa é você colocar essas pessoas como tendo um caráter bem... duvidoso. Não sei se é coisa da minha cabeça, só li esses dois livros dele, mas foi o suficiente para me incomodar. Fim do mini spoiler.

Outra coisa que nessas duas leituras de Dan Brown me incomodaram: o tom soberbo. Não sei se são os personagens - mulher linda super inteligente e professor universitário super inteligente - ou o quê... mas todo mundo parece muito soberbo em sua inteligência fora da média. E elitistas. E as mulheres são sempre deslumbrantes, alvos de todos os olhares. Ai, me erra.

Fortaleza Digital é, em suma, um livro que me deu muita preguiça de ler outros livros do autor.

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