O livro é narrado em terceira pessoa (um viva para isso!) e conta a
história da família Bennet, que, como outras famílias da região,
descobre que há um novo rapaz rico e solteiro chegando para passar o
verão. Imediatamente, a Sra. Bennet tenta convencer o marido a,
conforme o protocolo da época, ir visitar seu novo vizinho, o Sr.
Bingley, a fim de que, em algum momento, ele se apaixonasse e casasse
com uma de suas cinco filhas.
A situação financeira da família Bennet, apesar de boa, não é
muito promissora. Por não ter tido nenhum filho homem, assim que o
Sr. Bennet falecer, suas propriedades passarão para um parente
distante, o Sr. Collins, que nenhum deles jamais conheceu, e que
poderia facilmente expulsar a Sra. Bennet e suas filhas de sua casa,
deixando-as sem nada.
Por isso mesmo que é tão importante para a Sra. Bennet que uma de
suas filhas, de preferência todas elas, faça um bom casamento.
Porém, pode ser que nem tudo saia do jeito que a pobre Sra. Bennet
deseja...
As cinco filhas do casal, com exceção de Kitty, não
poderiam ser mais diferentes uma da outra. A mais velha, Jane, é a
pureza em pessoa, embora às vezes inocente demais quanto a intenções
maliciosas. Elizabeth Bennet é a segunda filha do casal, não tem
grandes pretensões matrimoniais, é muito inteligente e tem sempre
uma resposta sagaz na ponta da língua. Mari é uma garota chata e
sem graça, que faz questão de se mostrar inteligente, eficiente e
superior em tudo. Lydia, é, em termos simples, cabeça-oca e
facilmente deslumbrável. Por fim, há Kitty, que apesar de ser mais
velha que Lydia, é bastante influenciada pela caçula, sem
personalidade mais específica que isso.
Durante um baile, pouco após a sua chegada, o Sr. Bingley demonstra
considerável interesse na filha mais velha do casal, Jane, que
também sente uma forte atração por ele. Parece uma história de
amor bem simples, mas há de se considerar que numa sociedade em que
os valores financeiros eram por vezes mais interessantes que os
valores morais, nem tudo poderia ser tão fácil. A situação da
família de Jane é muito distante da da família Bingley e não
faltariam pessoas para se contraporem a uma possível união entre
elas. Entre eles, está o Sr. Darcy.
Fitzwillian Darcy (nome lindo esse, heim? 'Bora colocar no seu
filho?) é um homem arrogante, orgulhoso e absurdamente rico. Nesse
mesmo baile, ele só dança com as irmãs de seu amigo Bingley, e com
mais ninguém. Ele é tido por toda aquela pequena sociedade como um
homem desprezível e desagradável, apesar de ele não ter ofendido
diretamente ninguém, além de uma pessoa...
“Devido à falta de pares, Elizabeth Bennet fora obrigada a ficar sentada durante duas danças; e parte desse tempo ela passou suficientemente próxima a Sr. Darcy para ouvir uma palestra entre ele e Sr. Bingley.(...)__ Você está dançando com a única moça realmente bonita que existe nesta sala __ disse Sr. Darcy, olhando para a mais velha das irmãs Bennet.__ Oh, é a mais bela moça que já vi na minha vida, mas bem atrás de você está uma das suas irmãs, que é muito bonita e agradável. Deixe-me pedir ao meu par que o apresente a ela?__ Qual? __ perguntou ele, voltando-se e detendo um momento a vista em Elizabeth até que, encontrando os seus olhos, desviou os seus e disse, friamente: __ É tolerável, mas não em beleza suficiente para tentar-me. Não estou disposto agora a dar atenção a moças que são desprezadas pelos outros homens.”
Depois de ouvir esse comentário, Elizabeth, ou Lizzy como é chamada durante boa parte da história, pode não ter ficado tão ofendida quanto
qualquer outra mulher ficaria, mas permaneceu determinada a não lhe
oferecer mais simpatia do que havia recebido. De fato, a princípio,
todas as interações entre o Sr. Darcy e Lizzy não foram mais
simpáticas do que cordiais.
Porém, a inteligência e naturalidade de Lizzy começam a chamar a atenção
do Sr. Darcy, que, apesar de preferir manter uma distância saudável
de todos os membros da família Bennet, parece incapaz de ignorar
Elizabeth, que por sua vez, ignora por completo o interesse dele.
“Ocupada em observar as atenções de Sr. Bingley para com sua irmã, Elizabeth estava longe de suspeitar que estava se tornando o objeto de algum interesse aos olhos do amigo de Sr. Bingley. A princípio, Sr. Darcy nem sequer tinha concordado com os que achavam que ela era bonita. Olhara-a no baile sem admiração. E da outra vez em que se encontraram, fitara a moça apenas para criticá-la. Mas logo que declarara a si mesmo e aos amigos que Elizabeth não possuía um só traço agradável no rosto, começou a achar que a bela expressão dos seus olhos negros dava àquele rosto um ar excepcionalmente inteligente. A esta descoberta sucederam outras igualmente humilhantes. Embora o seu olhar crítico houvesse descoberto mais de um defeito na simetria das suas formas, foi forçado a reconhecer que as linhas do seu corpo eram de grande pureza; e apesar de sua afirmação de que as maneiras dela não eram as do mundo elegante, sentiu-se fascinado pela sua encantadora naturalidade.”
Pobre Sr. Darcy, antes tivesse ficado de boca fechada. Depois disso,
todas as suas tentativas de aproximação com Elizabeth estão fadadas ao fracasso, pois cada coisinha que falava a ela era recebida
com severa crítica e devolvida com excessiva astúcia.
De fato, essa relação não parece de forma alguma promissora
durante todo o livro, especialmente quando Lizzy conhece o jovem
Whitham. Ele é um jovem oficial, que chega à cidade causando grande
impressão em todos os moradores. É bonito, inteligente e agradável,
tão diferente de Sr. Darcy, que não admira que sua recepção, onde
quer que fosse, fosse tão calorosa. Principalmente aos olhos de
Lizzy, que vê nele objeto de grande admiração. Durante uma
conversa, Elizabeth descobre que o Sr. Whitham e o Sr. Darcy
conhecem-se desde a infância e que, graças à ingratidão e
antipatia de Sr. Darcy, o Sr. Whitham estava agora privado da vida
que deveria ter e tinha que se arranjar como pudesse.
...
Aqui, vou parar de falar sobre o enredo, pois, além desse ponto, vou acabar falando mais do que
devo e estragando a experiência da leitura.
O título “Orgulho e preconceito” é perfeito para o livro. Na
primeira metade do livro, cabe ao Sr. Darcy a parte do orgulho, que é
o que o impede de assumir seus sentimentos e merecer assim o afeto de
Lizzy, preocupando-se demais com a situação financeira e nada
prestigiosa da família dela, e agindo com todos como se fosse
superior. E a Lizzy, cabe o preconceito, pois mesmo que no início
tenha motivos para julgá-lo um homem orgulhoso e arrogante, mais
para frente na história, está tão cega pela sua antipatia por ele,
que não consegue avaliar as situações tal como elas realmente são.
E ela, que se achava tão inteligente e imune à enganações, é
forçada a perceber que nem tudo é como parece.
É muito gostoso observar como a autora desenvolveu cada um dos
personagens, nenhum deles parecido com o outro, a menos que isso
fosse proposital, como no caso das irmãs Lydia e Kitty. Elizabeth
Bennet é uma personagem muitíssimo interessante, que não deixa a
história ficar entediante em nenhum momento, algo difícil de fazer,
tendo praticamente todo o foco sobre ela. Porém, o mais interessante
de tudo, são as interações entre ela e o Sr. Darcy. Tudo bem que
eu sou assumidamente uma “boba apaixonada”, mas sério, eles são
perfeitos juntos, e não digo apenas como um casal, mas como
personagens que atuam juntos na história. As mudanças que acontecem
nas personalidades de cada um são naturais e as motivações
totalmente justificáveis.
Há muito tempo que este livro estava na minha já grande e ainda crescente lista de livros que eu tenho que ler na vida, mas nunca tinha encontrado um momento apropriado para lê-lo. Até que, no mês passado, eu me rendi. Li e... me descobri subitamente obcecada pela história, pelo Sr. Darcy, pela Srta. Bennet (Elizabeth, para ser mais exata). A maneira como Jane Austen constrói o enredo torna impossível abandonar a história a menos que seja extremamente necessário, como para trabalhar, dormir, comer... A leitura fluiu absurdamente rápida, leve e apaixonante, e assim que terminei eu sabia que ainda não estava pronta para deixar a história para trás. Aliás, é por isso que gosto tanto de séries, elas permitem que a história demore mais para acabar. Enfim, na impossibilidade de uma continuação, eu tive que caçar outro jeito de me manter presa na história.
Há muito tempo que este livro estava na minha já grande e ainda crescente lista de livros que eu tenho que ler na vida, mas nunca tinha encontrado um momento apropriado para lê-lo. Até que, no mês passado, eu me rendi. Li e... me descobri subitamente obcecada pela história, pelo Sr. Darcy, pela Srta. Bennet (Elizabeth, para ser mais exata). A maneira como Jane Austen constrói o enredo torna impossível abandonar a história a menos que seja extremamente necessário, como para trabalhar, dormir, comer... A leitura fluiu absurdamente rápida, leve e apaixonante, e assim que terminei eu sabia que ainda não estava pronta para deixar a história para trás. Aliás, é por isso que gosto tanto de séries, elas permitem que a história demore mais para acabar. Enfim, na impossibilidade de uma continuação, eu tive que caçar outro jeito de me manter presa na história.
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Minissérie da BBC - 1995 |
Não queria reler, então fui atrás da minissérie da BBC britânica, em 6 capítulos, adaptada por Andrew Davies e estrelada por Jennifer Ehle e Colin Firth, perfeitos em seus papeis (todos os episódios, legendados, estão no youtube).
Eu tive que ler sua crítica, pois é um dos meus livros preferidos. Só acho que o orgulho cabe à Lizzy e o preconceito ao Darcy... porque foi ele quem foi preconceituoso com Lizzy, a família de Lizzy e a vida de Lizzy, inclusive em relação à história do Sr. Bingley. Ele é um homem rico e generoso, mas preconceituoso. E a Lizzy se importou, embora preferisse fingir que não, quando o Darcy falou que ela não era bonita o suficiente, por isso, como ela mesma fala ao longo do livro, o orgulho a cegou na hora de julgar toda a situação. Ele enfrenta o próprio preconceito (um homem rico), e ela, o próprio orgulho.
ResponderExcluirE acho que você tem razão sobre tudo... o livro é adoravelmente grande, elaborado, descritivo, irônico, não dá vontade de parar, é imersão absoluta! E no netflix tem a série dos anos 80 (você vai rir do Darcy dos anos 80) e o filme de 2005 é fofinho. Ótima crítica, adorei como você teve paciência pra descrever o início do livro!!!