Olá você!
Bom... essa não é exatamente uma resenha, é mais um comentário. Me peguei pensando: "Como vou fazer uma resenha de uma biografia?". Pareceu sem sentido para mim "julgar" a vida de uma pessoa ou seus méritos... e de qualquer forma, achei que, nesse caso, vale e merece uma recomendação.
Para quem não sabe, Malala é uma
adolescente paquistanesa que sofreu um atentado terrorista em sua terra natal,
o Vale do Swat. O atentado foi de autoria do talibã, um grupo extremista que
tinha controlado o Swat por alguns anos e que, entre outras coisas, pregava que
as meninas do islã não deveriam frequentar a escola depois do primeiro grau.
Malala, filha de um ativista
conhecido da região e dono de uma escola que ensinava tanto meninos quanto
meninas, sempre foi incentivada por ele a defender as coisas nas quais
acreditava. Ela se tornou, aos catorze anos, uma voz ativa na defesa dos
direitos das meninas paquistanesas de frequentar escolas.
Segunda ela conta logo no prólogo
do livro, o talibã parou o veículo escolar em que ela estava com as colegas de
escola e perguntou: “Quem é Malala?”. Nenhuma das meninas respondeu, mas
algumas olharam para ela. Foi o suficiente. O homem que havia subido no veículo
disparou três vezes. Uma acertou sua amiga, outro acertou sua colega e outro
acertou sua cabeça.
Em 2014, aos 17 anos, Malala
recebeu o Nobel da Paz, dividido com o indiano Kailash Satyarthi. Ambos foram
laureados pelo prêmio após suas defesas pelo direito à educação das crianças.
Se isso ainda não te convenceu de
que o livro merece ser lido, há outra coisa que me interessou nele. Na nossa
sociedade ocidental é muito difícil encontrar informações coerentes e razoáveis
sobre o islamismo e a relação dos mulçumanos com o terrorismo fundamentalista.
Eu peguei esse livro emprestado de um colega de trabalho, após os atentados
terroristas que ocorreram na França, no final do ano passado, a fim de tentar
entender a religião e seus seguidores. É essa experiência que eu recomendo para
todo mundo.
Para resumir mal e porcamente o
livro:
Malala conta como interesses
políticos e religiosos se misturaram para criar o cenário que transformou o
Paquistão em um sinônimo de terrorismo. Segundo ela, houveram vários ditadores
no país e os políticos praticamente não se interessavam pelos problemas do
povo. Se aproveitando do descaso do governo e da ignorância da população (que
sempre foi carente em escolas, mesmo para os meninos) grupos fundamentalistas
foram aos poucos ganhando “corações e mentes” na região em que Malala vivia. O
“bonito Vale do Swat”, como ela se refere, se transformou em um território dominado
pelo talibã. O grupo chegava a matar opositores de suas ideias na praça da
cidade e deixar corpos expostos. A população passou a viver com medo.
Quando o governo finalmente
resolveu intervir, muitas famílias, inclusive a família de Malala, precisou
sair do Swat e viver como refugiados. Mesmo que o exército paquistanês tenha
vencido a disputa, o controle do talibã nunca abandonou realmente o Vale, prova
disso foi o atentado sofrido por Malala.
Há muitos detalhes e muitas
informações importantes no livro que valem a pena serem lidas. Ainda mais numa
época em que temos encontrado tanta dificuldade em ouvir os outros, em entender
que existem opiniões diferentes e que não é porque você escolheu um lado, que o seu lado é certo e o outro é errado.
Falo, claro, não apenas de quem afirma que todo
mulçumano é terrorista e que o islamismo é uma religião violenta, mas de todo
mundo que tira conclusões definitivas sobre culturas e ideais que não conhecem,
somente por serem opostos aos seus. Isso te lembra alguma coisa? Pois é.
Ligue a legenda:
Enfim... terminei esse livro mais consciente dos meus preconceitos e hipocrisias. Um tapa na cara que todo mundo deveria levar de vez em quando.
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